Melasma: na prática!
Atualizado: 9 de ago. de 2020
As queixas de manchas escuras na pele do rosto são uma das mais frequentes na consulta de dermatologia. As mulheres, grupo que mais comumente é afetado, que procuram um socorro médico, trazem em seus relatos histórias carregadas de angústia, ansiedade e, até, de grande sofrimento.

Não é difícil saber o que traz uma paciente com melasma à consulta, quando ela entra no consultório, porta adentro. Em geral, as mulheres que procuram a consulta dermatológica com essa afecção de pele, trazem em si muito mais que uma mancha escura no rosto ou fora dele. Elas carregam no seu semblante a marca da angústia de ter que lidar, todos os dias, com um problema que lhes quita a auto-estima, que causam angústia com relação à auto-imagem e que gera, sobretudo, sofrimento.
O melasma é uma dermatose (doença de pele) caracterizada pelo surgimento de manchas escuras, em geral na face, mas que também podem ocorrer fora dela, cuja causa (ou causas) ainda é pouco clara para a medicina e que, até o momento, não possui cura. A lesão é resultado do acúmulo de melanina nas várias camadas da epiderme e até mesmo na derme, fruto de estímulos que podem ser hormonais, traumáticos e/ou físicos, como é o caso da luz ultravioleta e da luz visível.
A doença afeta predominantemente as mulheres, principalmente devido à exposição endógena (natural) aos hormônios sexuais - estrogênio e progesterona - e também exógena, através das pílulas anticoncepcionais, DIU medicado, implantes hormonais e demais terapias de reposição hormonal. No entanto, os homens também podem ser acometidos, principalmente aqueles de fototipos mais escuros, quer dizer, de peles morenas e negras.

Quando a paciente chega ao nosso consultório, as histórias em geral se repetem: anos e mais anos de manchas no rosto, com evolução variável, que vai de períodos de melhora importante e outros de piora intensa. Muitos usos de medicações das mais variadas, desde prescritas por algum médico, até as de automedicação (o que é bastante comum).
São relatos do tipo "já tentei de tudo!", "Doutor, pelo amor de Deus, me ajude, eu não sorrio mais!", "Já usei remédio caseiro que a minha amiga disse que usou e melhorou", ou desabafos como "estou em um grupo do WhatsApp com várias mulheres com melasma e estão falando de uma medicação chamada..." ou "minha mancha era pequena, mas depois que usei hidroquinona, acabou!", ou até mesmo "usei uma fórmula que um médico me passou, no começo melhorou, mas depois voltou bem pior. Foi a fórmula dele que fez piorar!”.
Enfim, são dezenas de relatos iguais a esses que se repetem, um atrás do outro, nas mais variadas histórias pessoais que nos são contadas no primeiro contato.
O que vejo, na prática, é que os traumas que essas mulheres carregam são, em grande parte, devido à desinformação que acompanha tais condições, bem como à falta de empatia de alguns profissionais, que não percebem a dor que tudo aquilo gera e que não despendem de alguns minutos a mais durante as suas consultas para orientar, esclarecer, tirar dúvidas, se solidarizar, enfim, acolher aquelas pacientes.
Vejo ainda, que em alguns casos, mesmo quando o problema não é nem a desinformação, nem a falta de empatia, existe uma eterna negação por parte de algumas pacientes em aceitar que sofrem de uma doença crônica e sem cura, tão incurável quanto a hipertensão arterial e a diabetes mellitus. Assim como para tais doenças, no melasma há sempre aqueles pacientes mais incautos, menos adeptos a seguir as recomendações médicas e para quem o tratamento não costuma dar muitos resultados e seus níveis de pressão e glicemia vivem descontrolados.

Em busca de uma fórmula milagrosa, que cure o que, até o momento, não tem cura, muitas se aventuram em terapias que beiram o charlatanismo, outras, se arriscam em procedimentos e uso de substâncias que acabam provocando mais danos do que melhoras e se tornam alvos fáceis de “profissionais" pouco escrupulosos.
A realidade é que, na prática, melasma não é uma doença fácil de cuidar. Tratar melasma não é simples (e nem barato, muitas vezes). Exige um certo grau de disciplina e comprometimento por parte da paciente, que nem todas estão dispostas a ter. A doença exige cuidado contínuo e perene. Exige proteção solar regular e adequada, que vai além de simplesmente colocar o protetor pela manhã e reaplicar ao meio dia. O tratamento requer entrega, mudanças de estilo e hábitos de vida; exige revisar medicações em uso e, algumas vezes, repensar as indicações. Necessita perseverança, orientação especializada, além de uma pitada de entusiasmo.

O que vejo é que, SIM, é possível obter o controle da doença, com um grau de clareamento satisfatório das lesões, mesmo naquelas peles mais resistentes, de fototipos mais elevados, e mesmo no clima quente e seco do Sertão, onde atuo. Porém, deixo bem claro para minhas pacientes, o mérito dos resultados é mais seu do que meu, e essa “manchinha"que você tem aí é uma “coisa viva”, que não pode simplesmente ser apagada como se tenta apagar um borrão no papel. Ela sempre estará ai, pronta para ressurgir, e o que você precisa é modificar a sua maneira de se relacionar com ela.
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Autor: Dr Roudinei Santana
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